A Jornada da Saúde da Mulher é organizada por alunos do Curso de Medicina do Campus de Bauru da Universidade de São Paulo. Em 2022, ela ocorrerá nos dias 26, 27 e 28 de maio na Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB-USP) e tem como público-alvo profissionais ou estudantes da área de saúde, bem como outros interessados no assunto.

Os objetivos do movimento de mulheres pela saúde seguem sendo o de recuperar o conhecimento das mulheres, denunciar a expropriação e o controle do corpo feminino e alcançar uma participação ativa na formulação e implementação das políticas de saúde. Se o direito à saúde vai muito além da cura da doença, pois esse direito implica em bem-estar físico, emocional e mental da pessoa, a saúde condiciona e é condicionada por todos os aspectos da vida. Assim, não se pode conceber a saúde da mulher como algo desvinculado do seu papel social e de sua esfera íntima. 

A atenção à saúde integral da mulher, essencialmente, aponta para a ampla gama de necessidades nesta área que pretende situar a mulher como sujeito e não como objeto reprodutor. Busca também problematizar as condições sociais de desigualdade que configuram o cotidiano das mulheres como determinantes no processo de produção das suas queixas, patologias, mal-estares e modos como se relacionam com tais agravos. Também, faz uma crítica modelo de oferta de ações em saúde vigente, medicalizador e hospitalocêntrico, que reproduz e afirma a primazia do conhecimento médico-científico  sobre a própria experiência das mulheres e as mantém alienadas dos seus corpos e das suas necessidades como sujeitos. Obrigatoriamente, ainda, a proposta de atenção integral à saúde da mulher implica na articulação entre os diferentes setores e níveis de assistência e de educação, o que, na prática, tem sido um dos grandes entraves à sua operacionalização.

As mudanças nos modos de formular o objeto das práticas em saúde da mulher refletem as novas necessidades de saúde geradas pela rápida transformação social e econômica que ocorre em todo o mundo e também as mudanças que estas transformações propiciaram no papel social da mulher.  

Nesse sentido, o evento busca reforçar a necessidade de articulação entre o tecnicismo, psicológico e social, visando construir uma prática em saúde adequada à realidade social e comprometida com a superação dos entraves à proposta de saúde integral da mulher. 

Para isso, utilizaremos a Universidade pública como espaço para debate das práticas biologicistas, às quais as mulheres estão ainda sujeitas, e atualização do conhecimento em saúde como forma de cuidar, no sentido holístico da palavra, dentro do contexto de experiências e necessidades femininas.

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